Por: Landerson
Desde 2002 quando comecei a me dedicar a esse esporte, tenho me deparado com acontecimentos desagradáveis. Claro que no início eu não percebia as coisas como elas realmente são. Eu não passava de um adolescente um pouco acima do peso que encontrou na musculação uma forma de eliminar alguns quilos indesejados. Minha mente na época era um pouco restrita ao que acontece, logo não poderia perceber tudo o que cercava esse esporte.
São vários os fatores que deixam um praticante de musculação chateado: As dores diárias, contusões, pulsos torcidos e cansaço. Esses são totalmente suportáveis, e creiam, há quem goste de acordar todos os dias e sentir seu corpo todo dolorido pelos treinos do dia anterior. Eu não fujo a regra, sou um desses. Agora o que mais nos chateia é o preconceito que nos cerca, não dentro das academias, mas fora delas.
Lendo recentemente uma biografia de Arnold – The education of a bodybuilder – Arnold falava sobre as mulheres que gostam e não gostam de “homens fortes”. O fato é que por amarmos esse esporte, somos taxados de brutos, ignorantes, agressivos e tantas outras coisas que dizem por aí. Isso é que é o pior, a forma que somos vistos.
Esse é um tipo de preconceito que afeta tanto seu lado afetivo como o social, o profissional ou qualquer outro. Ninguém gosta de ser rotulado pelo que não é, todos sabem disso.
Preconceito racial, social, preconceito sobre religiões... O que mais faltava? O preconceito sobre a musculação. Vejo que agora não falta mais nada.
Preferem olhar a aparência e deixam de lado o que existe dentro de todos nós. Determinação, acreditar no que se faz, nosso esforço contínuo, disciplina, superação e até mesmo a paixão que sentimos por esse esporte. Quando falo em superação, logo me vem a cabeça um pensamento. Nós, praticantes de exercícios, não tentamos superar nossos irmãos de ferro que treinam supino na mesa ao lado, pelo contrário, incentivamos da forma que é possível, seja ajudando a levantar a barra até a falha, ou chegando perto e dizendo: Ei vamos lá, você aguenta mais uma repetição, FORÇA!!! O único adversário que temos nesse esporte, somos nós mesmos, por isso me refiro a superação, o ato de se superar mais e mais a cada treino. Mas sempre que penso nisso, logo me vem a cabeça uma pergunta: Quem dos que nos criticam é capaz de se superar a cada dia, ou melhor, superar outra pessoa? Creio que são pouquíssimos, preferem nos rotular do que mostrar os resultados que são capazes. Essa é a verdade.
Logo chegam os amigos e nos convidam para uma festa, churrasco, bebedeira, boate, noitada, enfim, tudo que não é benéfico aos fisiculturistas. Quando nos recusamos a ir a tais “points” alegando que temos que descansar e manter nossa disciplina, a reação deles ainda é pior, ficam rindo de todos nós. O que eles não entendem é que da mesma forma que eles se sentem maravilhosamente bem nas “noitadas”, nos sentimos bem dormindo cedo e tendo nossa recuperação muscular. Da mesma forma que eles curtem uma ressaca, uma desidratação corporal, nós gostamos é de acordar praticamente “quebrados” no dia seguinte. Vejam só como o preconceito existe, e nem por isso tratamos nossos amigos “farristas” de forma preconceituosa.
Penso que cada um é o que quer ser, e ninguém deve intervir nisso. Nossos amigos não percebem que nossa satisfação é treinar o mês inteiro pra ter um ganho de um ou dois centímetros na nossa musculatura. Não percebem que o dinheiro que gastamos com os suplementos a cada mês, valem cada centavo quando nos olhamos no espelho e nos sentimos bem. Não sabem e nunca irão saber o que é ter uma contusão e não poder ir aos treinos até a recuperação do membro afetado. Não sabem o que é conciliar a vida pessoal, os estudos, trabalhos e treinos diários. Não sabem o que é acordar as 6:00 da manhã em dias chuvosos, frios e ensolarados e mesmo assim ir treinar quando poderiamos ficar em nossas camas. Não sabem o que é conciliar uma boa alimentação e pra falar a verdade, nunca saberão. São nossos amigos, familiares e membros do nosso “círculo social” que fazem isso, ainda que não temos preconceitos com o método de vida deles.
É isso, fazemos tudo isso, damos o melhor a cada dia pra no final sermos taxados de “bombados”. É notável quem pensa assim, geralmente são os que ficam na frente de suas televisões, sentados em seus sofás ou poltronas confortáveis e que não tem coragem nem de se levantar para trocar o canal que assistem, claro, hoje já existe o controle remoto, só pra facilitar a vida desses seres deprimentes.
Gostamos de treinar, particularmente treino todos os dias, de segunda a sábado e inclusive feriados. Nos sentimos bem assim, não vamos a academia pra bater papo, ficar de olho no que os outros estão fazendo ou deixando de fazer. Não somos do tipo que enchem o cabelinho de gel e ficam na frente dos espelhos se arrumando. Não compramos tênis que tenham mais molas que uma carreta só pra exibicionismos escrotos, na hora dos treinos não usamos camisetas e roupinhas de marca. Não somos daqueles que usam tantos colares dependurados no pescoço que chega a parecer a Carmen Miranda. Somos aqueles seres de cara fechada que entram nas academias calados e saem mudos, e o máximo que escutam de nossas bocas são gemidos de agonia e dor causados pelos exercícios que fazemos. Somos aqueles que fazem caretas que assustam até o diabo, somos aqueles que caem no chão após uma série exaustiva e recusam ajuda pra se levantar. Somos seres humanos como você que está lendo esse humilde texto.
Somos 100% Hardcore.
Que o preconceito possa acabar um dia....
Forte abraço e ótimos treinos a todos(as).
quinta-feira, 12 de junho de 2008
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