Autor: Luiz Guilherme Abomai
Nutricionista gorda, não pode!
Essa frase não é minha. Pelo menos não foi citada por mim desta vez. No quadro do programa Zorra total da Rede Globo, qual uma atriz obesa faz um papel de uma nutricionista que chama seus clientes de gordos, prescreve dietas com doces, tortas e feijoada. Logo após a consulta, ela abre a sua gaveta repleta de guloseimas e come até não poder mais.
No programa do dia 25 de outubro a atriz Suzana Viera, ao visitar a nutricionista, disse que “Nutricionista gorda, não pode!”. Não acreditei quando eu escutei aquilo. Sim, eu estava vendo Zorra Total, que é tão deprimente como os e-mails recebidos de colegas nutricionistas chocadas com a afirmação da atriz, que segundo elas foi grossa, preconceituosa e infeliz.
Quando esse quadro foi ao ar pela primeira vez, lembro que despertou a fúria do CFN (Conselho Federal de Nutrição), dizendo que o quadro denegria e ridicularizava a profissão e o profissional principalmente. Inúmeros programas humorísticos já satirizaram outras profissões, como médicos, advogados, policiais e arquitetos. Mas por que o CFN ficou tão revoltado quando alfinetaram os (as) nutricionistas? Porque nós nutricionistas não podemos ser parodiados?
Voltamos a celebre frase “Nutricionista gorda, não pode!” E a pergunta é: pode? Lógico que não pode. É tão óbvio é antagônico quanto absurdo. Durante meu curso recordo que ao comer pão integral, peito de peru, whey protein durante a aula, algumas professoras e colegas de sala comentavam: “Nossa, que paranóia, todo dia você come isso todo dia? Como você agüenta?” Enquanto elas comiam salgados, sorvetes durante o intervalo das aulas. Ao ingressar na faculdade de nutrição, achei que estaria em um ambiente onde as pessoas se preocupavam no mínimo com a alimentação. Comecei a questionar que tipos de profissionais estavam lá fora.
Claro que existem objetivos e metas diferentes para cada pessoa, mas quando você trabalha com saúde, em qualquer área, você no mínimo deve dar o exemplo. Não estou dizendo que nutricionistas devem ter corpos esculturais, mas sim pelo menos um aspecto saudável de alguém que acredita no que fala e no que faz.
Isso vale para qualquer profissão. Você se sentiria bem em fazer um treino prescrito por um profissional de educação física obeso, que não gosta de exercícios? Ou sentar em uma cadeira de dentista, que possui um sorriso dente sim, dente não? Ou ser atendido por um pneumologista fumando cachimbo. Por mais que me digam que ele é um ótimo profissional, eu ficaria com os dois pés atrás.
Então agradeço pela primeira vez a Rede Globo, pelo tapa na cara de todos os profissionais que aplicam a nutrição da boca para fora, e dão um péssimo exemplo da boca para dentro. Luiz
Guilherme Abomai
Nutricionista
Como diz minha mãe: "Os bons hábitos começam dentro de casa"
Dar credibilidade a "profissionais" que tem mais tecido adiposo do que massa encefálica? SEM CHANCE!!! Pelo menos de minha parte.
Forte abraço a todos(as) e ótimos treinos.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
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